terça-feira, 20 de abril de 2010

Entrevista

Portal Café Point



[20/04/2010]

Léo Moço: Baristas educam consumidores para que valorizem cafés diferenciados


Léo Moço é carioca, cursou Análise de Sistemas e Nutrição mas em 2005 tudo mudou...Ao desenvolver um plano de negócios para um Cyber-Café, algo despertou, não apenas o fato de dar o primeiro passo em busca do negócio próprio mas uma verdadeira paixão, daquelas que não se tem dúvida, então largou tudo pelo Café.




Léo Moço é campeão de diversos concursos brasileiros. Confira abaixo a entrevista com esse profissional, que destaca a importância dessa profissão.
CaféPoint: Há quanto tempo atua como barista? Qual importância dessa profissão?

Estudo e trabalho com cafés há 5 anos. Quando comecei achava que o Barista tinha que seguir regras de como preparar o melhor café e assim o consumidor acharia aquele café maravilhoso. Com o passar do tempo percebi que poucos percebiam o que eu "achava" ser o melhor café. Então, vejo que hoje a importância da profissão está mais relacionada a educação dos consumidores à cultura de degustar cafés especiais, perceber suas características e acima de tudo, a valorização de um produto diferenciado elaborado por um profissional especializado.

CaféPoint: Qual maior dificuldade para entrar no mercado de trabalho?

Vivência... Por incrível que pareça... Fazer um curso de barista e dizer que é um BARISTA é fácil. Ser um profissional do café é muito difícil, justamente pela falta de vivência. Como entender e explicar o que é um Cereja Descascado e como funciona um Terreiro Suspenso se você nunca vivenciou todos esses processos? Como entender sobre provas de cafés sem uma rotina de degustação diária? Como identificar que tipo de Torra é melhor para cada grão se você não os torra?

Como moro no Rio de Janeiro estou distante de quase tudo relacionado a cafés, então investimento e tempo são as maiores dificuldades para incluir a VIVÊNCIA em meu currículo. A minha realidade foi um pouco diferente da maioria dos Baristas ou das pessoas que desejam entrar no mercado. A profissão é assediada por jovens que estão ou ainda vão cursar faculdade com isso tempo para vivenciar a complexidade do mundo dos cafés especiais é muito complicado.

Quando larguei minha profissão de Analista de Sistemas para trabalhar com cafés decidi incluir a VIVÊNCIA como prioridade no meu desenvolvimento. Viajei para Fazendas, fiz cursos, participei de campeonatos, eventos, feira, provei cafés, conheci torrefações e inúmeros profissionais de cada setor relacionado a produção.

CaféPoint: A facilidade com que as máquinas de café têm se inserido nas residências facilitando o preparo de café, pode tirar espaço dos baristas no mercado?

Acredito que não... justamente o contrário. Quando o mercado automatiza sua vida um tempo depois você já está em busca do artesanal. Uma refeição de micro-ondas você até tem em casa mas que falta faz aquela comidinha caseira, não? Com cafés a mesma coisa, justamente pensando nesse momento do mercado estou implantando em uma cafeteria que prestei consultoria e trabalho o Projeto Slow Coffee Barista. Baseado no movimento Slow Food, além de procurar por grãos certificados como Fair Trade, orgânicos, responsabilidade ambiental e social, contato com o produtor, educação do consumidor, temos 4 extrações de cafés: Espresso, Coado, French Press e Syphon. Todas as extrações são feitas apenas ao pedido do cliente, individualmente, com a técnica necessária para cada tipo de preparo. Grãos moídos na hora, moagem apropriada para cada extração, temperatura e tempo de contato da água apropriadas para cada extração.

Com isso garantimos o que é essencial para a profissão do Barista, o ARTESANAL. O nosso maior exemplo é o café coado, normalmente associado a uma garrafa térmica, grandes quantidades prontas e muito aquecidas para durar 1 ou 2 horas e diminuir o trabalho do seu preparo. Montamos uma estação individual de café coado em nosso balcão, assim, preparamos artesanalmente 1 xícara por vez ao pedido do cliente. Primeiro os grãos são pesados, moídos, o porta-filtro de porcelana aquecido e por fim, na temperatura e quantidade ideal a água, que passa por um filtro cônico japonês especial que garante uma extração mais uniforme.



CaféPoint: Que ações acha importante para promover essa profissão?

Essa é uma pergunta fantástica. Como divulgar a profissão sem antes divulgar o Café Especial? Para mim essa é a principal carência no mercado brasileiro, talvez por ser um mercado novo. É incrível como precisamos de ações de empresas internacionais como a Suiça Nespresso ou a Americana Starbucks para que as pessoas entendam melhor quem são os Baristas ou como apreciar um café.

Falando por mim, promovo os cafés e a profissão quando trabalho diretamente no balcão, em cursos, eventos, workshops e hoje tenho um blog de cafés que vai completar 1 ano no ar.

Uma dica para quem quer se especializar nessa área é participar de cursos, feiras nacionais, internacionais e como já disse, tentar vivenciar todo processo de produção e industrialização do café.

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2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

muito legam.
Sabe me dizer onde comprar um desses suporte para filtro de cafe em porcelana?

obrigado